Escolas de condução denunciam publicidade enganosa

“O mercado é livre, mas há custos mínimos que a escola tem de suportar, desde a manutenção dos carros aos instrutores e às taxas”, critica Maria João Matos, gerente da escola de condução Sentido Obrigatório, em Alcabideche (Cascais), que apresentou este mês uma reclamação à Provedoria de Justiça e a outras entidades, denunciando os preços low cost que estão a ser praticados por algumas escolas, sobretudo em Lisboa.

Algumas vendem por 75 euros uma carta de ligeiros que inicialmente custaria 325, com tudo incluído. Outras chegam a publicitar cartas para motociclos por 35 euros, em vez de 180. As promoções são feitas por empresas contratadas para o efeito, como a Odisseias.

“É ridículo. Não compreendemos como é possível manter uma escola com estes preços. Em condições normais, e sem olhar à crise económica, uma carta custaria entre 600 a 700 euros”, nota Maria João Matos, que, por causa desta vaga de promoções e da descida da procura, teve de reduzir de 700 para 450 euros o preço da carta nas suas escolas.

Carlos Barbosa, presidente do ACP, também encara estas práticas com preocupação. “Estamos a falar de um preço para comprar a carta e não para aprender a conduzir em segurança”. E desmonta os baixos preços: “99 euros? Sabendo que são necessárias 32 aulas práticas e 28 teóricas, uma aula prática custaria 3 euros já com IVA incluído - carro, gasolina, seguro e instrutor, escola de condução e custos administrativos. 

Só a gasolina custa um euro por aula. Sobram dois euros para pagar o instrutor? E isto sem contar com outros encargos. Estamos perante uma impossibilidade técnica e económica”.

Carlos Barbosa lamenta os efeitos desta publicidade: “Custa-nos muito a entender como é que os pais investem tudo na educação dos filhos e descuram o ensino da condução, quando é algo que pode fazer a diferença entre a vida e a morte”.

Sem aulas mínimas obrigatórias
Maria João Matos diz mesmo que estas estratégias de publicidade estão a “limitar a continuação da actividade de outras escolas”. No ano passado, lembra, fecharam cinco ou seis só em Lisboa.

Sem resposta do Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT) , a quem compete fiscalizar a actividade das escolas de condução e que acusa de “nada ter feito” nesta matéria, Maria João Matos apelou ao Provedor de Justiça, no sentido de este tomar “medidas imediatas” para “minimizar o descalabro económico” que as escolas enfrentam.

A Associação Nacional dos Industriais do Ensino da Condução Automóvel (ANIECA) também já denunciou a situação e espera agora uma resposta da ASAE, depois de ter recorrido sem êxito ao IMT e à Autoridade da Concorrência. “Depois de terem lá os candidatos, há muitas formas de lhes cobrarem o que não foi cobrado no início. Conhecemos pessoas que tiveram de mudar de escola porque nem sequer lhes deram as aulas mínimas obrigatórias. 

Outras vezes, os candidatos são levados a exame sem estarem minimamente preparados, acabam por reprovar e ter de pagar outro exame”, acusa Fernando Santos, presidente da ANIECA.


Questionado pelo SOL, fonte oficial da Provedoria de Justiça disse ter recebido apenas mais uma queixa de outro empresário, mas o processo foi arquivado uma vez que o Provedor não pode actuar quando se trata de actividade exercida por particulares. 

O IMT não respondeu e a Autoridade da Concorrência disse não ter competência para actuar nesta matéria, remetendo para a ASAE. 

Publicado a 13 março 2014

Enfim...

É sempre mais do mesmo ..........................   


E continuamos sempre a nada fazer, denunciar, denunciar mas nada é feito, enfim