Estudo avança formas de fomentar biocombustíveis

Os biocombustíveis são vistos como uma das principais alternativas ao uso de combustíveis fósseis, mas esta área vive numa competição constante com o setor agrícola pela posse de terras para a sua produção.

Isto tem levado a que cada vez mais florestas estejam a ser substituídas por propriedades agrícolas, o que acarreta o problema dos impactos indiretos causados pela mudança na utilização dos terrenos, ou ILUC (Indirect land use change). 

No entanto, um estudo levado a cabo pela Universidade de Ultrecht  e apresentado pela União Europeia anuncia ter descoberto novas soluções para aumentar a produção de biocombustíveis sem que isso acarreta danos secundários, como o aumento da produção de gases de estufa decorrente da destruição das florestas e sua substituição por terrenos de produção agrícola.

Os investigadores holandeses concluíram que o aumento do investimento comunitário no setor agrícola, e também na produtividade e eficiência de recursos, através da concessão de apoio e incentivos ao uso de terras subaproveitadas, irá diminuir os efeitos negativos dos ILUCs. Isto ocorre porque, ao utilizar estes novos terrenos para a produção destes combustíveis mais ecológicos, estarão disponíveis mais terras para a agricultura e não será necessário proceder à destruição de florestas.

Os cientistas da Universidade de Ultrecht referem que “ é essencial, no entanto, que a Europa desenvolva uma estratégia para maximizar as sinergias entre agricultura e bioenergia. Medidas que se foquem apenas nos biocombustíveis não serão suficientes para prevenir os ILUC”. 

Segundo este estudo, apenas uma província na Polónia bastaria para assegurar a produção da quantidade de biocombustíveis para o país atingir a meta traçada para 2020, e a Hungria, adotando as conclusões desta investigação, seria capaz de aumentar a sua produção de bioetanol de 1,2 para 5,2 mil milhões de litros, quase mais 400%.

A ePure, Associação Europeia do Etanol renovável, indicou que estas descobertas são “um momento de viragem no debate das ILUC. Há um imenso potencial na Europa para a produção de biocombustíveis sustentáveis com pouco ou nenhum impacto dos ILUC, mas é preciso dar relevo aos benefícios – mais trabalho, melhor eficiência de recursos e redução dos gases de efeito de estufa”. 

Este estudo chega também num momento importante, já que a União Europeia prepara a redação do segundo documento para a política comunitária de biocombustíveis, que poderá já incluir as recomendações da Universidade de Ultrecht para uma aproximação de interesses entre os setores agrícola e dos biocombustíveis.