Produção de bicicletas em Portugal

Portugal continua a ser o país europeu onde se anda menos de bicicleta: apenas 1% da população  usa as duas rodas como meio de transporte habitual, contra os 7% da média europeia, segundo dados da Comissão Europeia. Mas esta tendência pode estar a inverter-se, com a produção de bicicletas no nosso país a demonstrar capacidade de se adaptar aos desafios de um mundo globalizado.

“Portugal é já o terceiro ou quarto maior montador de bicicletas da Europa. Devemos ter fechado o ano de 2014 com perto de 1,6 milhões de bicicletas montadas no nosso país, sendo que 90% se destina à exportação – o que perfaz cerca de 260 milhões de euros em volume de negócios”, disse Paulo Rodrigues, secretário-geral da  ABIMOTA - Associação Nacional de Bicicletas, Motociclos e Acessórios.

“É um ano verdadeiramente excepcional, um recorde para o sector. Basta dizer, por exemplo, que em 2011 a perspectiva de negócio na área era de 150 milhões… Ou seja, em menos de cinco anos crescemos cem milhões de euros”, acrescentou o responsável.

E são várias as empresas portuguesas que têm contribuído para estes números. A Esmaltina, empresa de Sangalhos que produz bicicletas desde a década de 70, vendeu no ano passado 190 mil bicicletas – 50% das quais para consumo externo – e, constantemente pressionada para fornecer mais bicicletas , está a fazer planos para aumentar o seu espaço físico. Com 70 funcionários, tem clientes em todo o mundo, adianta a revista Domingo.

Outro caso de sucesso é caso da Órbita, fundada em Águeda há 44 anos, e que actualmente integra o grupo Miralago. Tendo como objectivo manter o seu produto “o mais nacional possível”, o presidente da empresa diz que 60% das componentes das bicicletas Órbita ainda são “made in Portugal” e explica que, para ter êxito, é preciso investir.


A Órbita, que produz entre 35 a 50 mil bicicletas por ano, destina 70% dos seus produtos ao mercado internacional e também nesse capítulo tem havido um grande esforço de adaptação. “Não temos a Alemanha, porque lá são muito nacionalistas e procuram sempre os produtos deles, mas de resto temos a Europa Toda, e não só. Estamos no Norte de África, Angola, Moçambique, Guiné, estamos nos EUA, no México, temos uma parceria no Brasil, estamos a planear uma fábrica na Argélia e andamos a fazer prospecção na Colômbia e no Qatar”, partilhou Aurélio Ferreira.


Para Paulo Rodrigues, um dos maiores desafios dos próximos anos será a bicicleta eléctrica. Nesta área, a Órbita também já está em campo. “Vamos no sexto modelo de bicicleta eléctrica e, neste momento, estamos a introduzir no mercado um novo kit com motor e bateria que é produzido pela Shimano, líder na Área!”, assegurou Aurélio Ferreira.


Já Paulo Lemos, da Esmaltina, acha que “é cedo para atacar este sector de mercado. Como pedir 1200 euros por uma bicicleta eléctrica quando se compra um carro em segunda mão por 300? Acho que vai demorar”.

Publicado a 26.01.2015

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