PORTO

A Câmara do Porto está “a estudar” uma forma de regularizar a actividade dos autocarros turísticos na cidade, que passará, se for possível, por “concessionar” estes serviços. O presidente da autarquia, Rui Moreira, revelou este desejo à vereação, durante um debate sobre as alterações de trânsito na zona da Foz. O autarca defendeu que “os operadores turísticos” destes transportes “não pagam à câmara um tostão e fazem o que querem”, garantindo: “Tudo isto não pode ser”.

A discussão foi iniciada por Andreia Júnior, que substituiu Amorim Pereira na bancada do PSD, e exclusivamente sobre as alterações de trânsito implementadas na Foz. A vereadora pediu que lhe fossem fornecidos os “pareceres técnicos” subjacentes às alterações e pediu mesmo que as novas regras de circulação e estacionamento, já em vigor, “fossem suspensas”, defendendo que as mesmas foram “mal planeadas”. Como exemplo, Andreia Júnior citou “ruas sem perfil” para transportes públicos onde passam agora autocarros; dificuldades no escoamento do trânsito junto ao Mercado da Foz; ou a insegurança, causada pela falta de visibilidade deixada pelo “estacionamento em espinha” na Rua do Doutor Sousa Rosas. “Foram já feitos dois ajustamentos, que demonstram o quão precipitadas foram estas alterações. Um deles foi porque as pessoas de um prédio tinham de fazer um grande desvio para lá entrar”, disse.

As críticas da social-democrata foram refutadas por Rui Moreira, pela vereadora da Mobilidade Cristina Pimentel, e pelo comandante da Polícia Municipal, Leitão da Silva. Enquanto Leitão da Silva garantia que o processo foi feito com “conta, peso e medida” e que mudanças deste género “têm uma fase de maturação”, Cristina Pimentel garantiu que nada foi desenhado à margem das instituições e que as novas regras foram estudadas por especialistas da câmara, acompanhados pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. Já Rui Moreira tirou os problemas apontados pela social-democrata da zona da Foz para os transpor para toda a cidade.

O autarca disse que era “normal” haver pequenos ajustes, que alguns semáforos serão ainda colocados na zona e até concordou com a vereadora quanto à utilização de algumas ruas por transportes pesados – mas deixou de lado os autocarros da STCP, referidos pela vereadora, para se concentrar nos turísticos. “Estou de acordo consigo relativamente aos veículos turísticos. Vi-os descer a Rua do Crasto que é absolutamente inadequada. A câmara do Porto tem o objectivo de concessionar estes serviços turísticos. Andam com autocarros velhos, a pingar óleo, fazem os percursos que querem… E o maior problema não é a Foz, é a [Praça da] Batalha. Os veículos turísticos ficam lá parados à espera dos seus clientes e o trânsito não anda”, afirmou Rui Moreira, acrescentando: “Uma actividade turística como esta não pode estar desregulada e vamos regulá-la. Estamos é a estudar como vamos fazê-lo”. Aos jornalistas, o autarca salientou que uma eventual concessão não obrigaria a um monopólio da actividade, sugerindo que tal poderia ser conseguido com "agrupamentos complementares de empresas".

O outro grande problema da cidade – e que, em concreto, está, segundo o autarca, a causar alguns dos problemas apontados por Andreia Júnior – é o estacionamento abusivo, nomeadamente, junto às escolas, no momento de deixar e ir buscar as crianças. “Os pais acham que a via pública é um sítio onde abandonam os carros para ir deixar os filhos e, junto ao Mercado da Foz, é isso que está a emperrar o trânsito, com os pais do Colégio Inglês”.

Também a este nível, o autarca revelou que está a ser estudada uma solução. “Pedimos ao CEIIA [Centro de Excelência e Inovação em Indústria Automóvel] um estudo sobre transporte escolar, envolvendo escolas públicas e privadas”, disse. Aos jornalistas, no final da reunião, Rui Moreira especificou que esse estudo se prende essencialmente com um sistema de “monitorização das crianças”, que permita aos pais, em cada momento, saber as horas de recolha dos filhos e o local onde se encontram.

Leitão da Silva confirmou que, ao nível da fiscalização, as três prioridades da Polícia Municipal se prendem com “o estacionamento em cima do passeio, os ‘parques privativos’ e o estacionamento em cima de passadeiras”. O responsável afirmou que foi feito “um esforço enorme” para impedir o estacionamento, ao fim-de-semana, em praças como a D. João I e a Filipa de Lencastre, garantindo que “a muito breve trecho” o mesmo será feito no Largo do Amor de Perdição.

Euro-região prepara candidatura a fundos europeus para concretizar plano de acção para o parque transfronteiriço.

A euro-região Galiza-Norte de Portugal decidiu esta terça-feira criar um grupo de trabalho para preparar candidaturas conjuntas a fundos comunitários em áreas estratégicas. Um dos projectos mais ambiciosos é a concretização do plano de acção na Biosfera Gerês-Xurês, que prevê um investimento de 13 milhões de euros.

"Hoje, estamos numa fase final do plano de acção [para a reserva da biosfera Gerês-Xurês] que vai ser aprovado durante o mês de Abril e que envolve um investimento global, dos dois lados da fronteira, de 13 milhões de euros", revelou o secretário de Estado do Ordenamento do Território e Conservação da Natureza, no final da primeira cimeira do Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial Galiza - Norte de Portugal (AECT-GNP).

Miguel Castro Melo assinalou que neste momento "o trabalho que está a ser desenvolvido é encontrar as fontes de financiamento que permitam materializar este investimento", estando já identificados os eixos estratégicos do plano de acção e os objectivos específicos a serem "enquadrados nos eixos prioritários" do próximo quadro comunitário de apoio.

"Acreditamos que a reserva da biosfera Peneda-Gerês irá muito em breve conseguir arrancar com a sua execução do plano de ação que será aprovado e será um exemplo do que pode ser feito em termos de valorização da conservação da natureza em prol dos territórios de baixa densidade, mas também um exemplo de cooperação transfronteiriça", realçou.

O Plano de Acção Reserva da Biosfera Gerês-Xurês 2015-2020 contempla quatro eixos estratégicos: imagem e identidade da reserva da biosfera geresiana, desenvolvimento socioeconómico, conservação da natureza e participação social e integração da comunidade. "Esta aposta na reserva da biosfera assenta, do lado português, no parque nacional Penêda-Gerês que acreditamos que pode ser um exemplo nacional e transfronteiriço de como uma área protegida pode alavancar o desenvolvimento económico sustentável", destacou o governante.

"São trilhos, são caminhos, é a preservação da natureza, temos um património classificado muito grande, a dinamização económica do território que, sendo parque natural, tem regras muito específicas", acrescentou o presidente da Comissão de Coordenação da Região Norte. Para Emídio Gomes, este esforço passa pela "valorização dos recursos endógenos, turismo de natureza" e rural, valorização da biosfera e do ordenamento de um território no qual há já "actividade económica que pode e deve ser potenciada".

Para além de trabalhar o plano de acção do Gerês-Xurês, o grupo de trabalho que nasce desta primeira cimeira sobre o Ambiente irá "por um lado, trocar experiências aos vários níveis da gestão ambiental e, por outro, preparar projectos e candidaturas transfronteiriças aos fundos existentes e disponíveis", explicou o secretário de Estado do Ambiente.

"O novo quadro está a arrancar agora e, portanto, é a altura ideal para nos juntarmos e prepararmos candidaturas conjuntas", frisou Paulo Lemos, destacando ainda as áreas prioritárias de investimento nos dois lados da fronteira como o rio Minho e suas infraestruturas, a reabilitação dos centros históricos, a defesa da costa, o controlo de cheias e inundações e o ordenamento do território.

Neste contexto, quinze municípios portugueses e galegos banhados pelo rio Minho vão apresentar uma candidatura conjunta aos novos fundos comunitários, no valor de seis milhões de euros, para investir nas potencialidades daquele curso internacional.

"Logo que haja um aviso de candidatura [Interreg V - Programa de Cooperação Territorial], durante o mês de Abril ou Maio, vamos apresentar o nosso projecto que é de interesse para toda a região", afirmou o autarca de Valença, Jorge Mendes, aos jornalistas, à margem da assinatura de um pacto do rio Minho transfronteiriço.

O acordo entre os quinze autarcas foi celebrado, do lado português, por seis municípios do Vale do Minho - Caminha, Melgaço, Monção, Valença, Vila Nova de Cerveira e Paredes de Coura. Na Galiza, o pacto envolve os concelhos do Baixo Minho - A Caniza, A Guarda, Arbo, As Neves, Crecente, Rosal, Salvaterra do Miño, Tomiño e Tui.

O presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) garantiu na cimeira de Vigo que todos projectos temáticos no Norte de Portugal e Galiza terão de ser "devidamente aprovados" e "bem articulados" dos dois lados da fronteira. "Não haverá projectos temáticos que não tenham a nossa aprovação prévia", salientou Emídio Gomes no início da primeira cimeira da euro-região dedicada ao tema do Ambiente e que reuniu membros da Conselleria do Ambiente da Junta da Galiza e representantes do governo português.

O Porto já tem riquexós, um novo transporte destinado aos turistas na cidade, que se junta a outros já existentes na Invicta como os autocarros descapotáveis, os tuk-tuk e os comboios turísticos, colocados à disposição de todos aqueles que desejam (re)conhecer a cidade de forma diferente.

Os riquexós estão no Porto a partir deste mês, "uma forma romântica e com certo glamour de os casais" (mas não só) "conhecerem a cidade", revelaram os responsáveis da nova empresa Riquitó Tours ao Jornal de Notícias, vincando que para além de ser ecológico, "é um veículo que prima pela distinção, com exclusividade e glamour para proporcionar bons momentos a dois".