Escândalo da Volkswagen

A Volkswagen recusa dar qualquer compensação em dinheiro aos clientes europeus que tenham comprado um automóvel Diesel envolvido no escândalo das emissões poluentes. Cartão oferta, no valor de 1.000 dólares (940 euros), será apenas para os americanos e canadianos.

Fontes do grupo alemão explicou que os clientes dos Estados Unidos e Canadá merecem essa compensação porque compraram veículos anunciados como ‘Clean Diesel’ (gasóleo limpo).

A mesma fonte insistiu que nesses dois países os carros a gasóleo são um produto de nicho, para o qual é necessária ‘vontade’ de investir, ao passo que na Europa é um produto comum. Ou seja, esses clientes não precisam de ser cativados para escolher essa opção.

Segundo o Automotive News, a Volkswagen destaca ainda que nos Estados Unidos o gasóleo custa mais do que a gasolina, ao passo que na Europa os preços são mais baixos no gasóleo. Por outro lado, a correção dos carros afetados está mais avançada na Europa e será mais simples para os clientes.

Em termos de custos, compensar com mil dólares os 482 mil clientes americanos implica gastar 482 milhões de dólares (pouco mais de 453 milhões de euros).

Fazer o mesmo na Europa, onde há 8,5 milhões de veículos envolvidos na fraude, levaria a um investimento de quase oito mil milhões de euros.

Ao todo, o escândalo revelado em setembro no grupo Volkswagen abrange cerca de 11,5 milhões de carros Diesel das marcas Volkswagen, Audi, Skoda e Seat. Em Portugal, existem mais de 125 mil automóveis afetados.

Os construtores de automóveis vão ser obrigados a comunicar às autoridades alemãs tudo sobre o 'software' que está instalado nos motores dos seus carros, depois do escândalo da manipulação das emissões poluentes no grupo Volkswagen, disse este domingo o Governo alemão.

Além da divulgação do ‘software’ que equipa os motores, os testes de emissão de gases feitos pelas marcas vão ter que ser repetidos pelas autoridades públicas para se confirmarem os resultados, entre outras medidas que farão parte de um pacote completo, esclareceu o ministro dos Transportes alemão, Alexander Dobrindt, sem dar mais pormenores.

O governante confirmou assim a notícia do diário alemão Bild de hoje, segundo a qual todos os grandes construtores vão, em breve, ser obrigados a dar a conhecer à Autoridade Automóvel alemã (KBA) o ‘software’ que equipa os seus motores.

Entre outras medidas, o ‘software’ empregado para medir os valores dos gases dos escapes deverá ser progressivamente substituído, salienta o diário.

Ainda segundo o Bild, as medidas surgiram da parte da comissão de especialistas formada pelo Governo e que foi encarregada de fazer o inquérito sobre o escândalo em que a Volkswagen se envolveu.

Em causa estão 9,5 milhões de motores que apresentam ‘software’ que falseava os resultados dos testes antipoluição dos carros a gasóleo.

A Siva, importadora portuguesa do grupo Volkswagen, garantiu esta quinta-.feira, 7 de Janeiro, que as reparações dos veículos afectados pelo escândalo de manipulação de emissões poluentes arrancará no final de Janeiro.

"Estamos a estudar a implementação em Portugal" das medidas propostas pelo grupo automóvel alemão, garantiu o administrador da Siva, Fernando Monteiro, num encontro com jornalista.

Em Portugal, existem 102.454 carros envolvidos neste caso das marcas representadas pela SIVA: Volkswagen, Audi e Skoda. A estes juntam-se mais 23 mil da Seat.

No início de Setembro, o grupo Volkswagen foi apanhado no maior escândalo da sua história, tendo revelado que 11 milhões de carros em todo o mundo tinham emissões de NOx (óxido de azoto) adulteradas. Depois revelou que também manipulou as emissões de dióxido de carbono (CO2).

O escândalo das emissões da Volkswagen leva a Europa a adoptar o adágio popular “depois da casa roubada, trancas na porta”. Em reacção ao escândalo da Volkswagen, Bruxelas quer impor multas aos construtores e aos serviços técnicos que não detectem as adulterações, além de obrigar ao pagamento de uma compensação aos clientes.

Segundo um documento da Comissão Europeia a que o jornal espanhol "El País" teve acesso, Bruxelas vai impor uma multa de 30 mil euros por cada carro adulterado pelos construtores e que não cumpra os regulamentos ambientais e de segurança. E, propõe o documento, os fabricantes terão, tal como já acontece nos EUA, de informar sobre a instalação de quaisquer dispositivos instalados nas viaturas – entre os quais teria de estar o tal software fraudulento, designado de ‘defeat device’, que a Volkswagen assumiu ter colocado em 11 milhões de automóveis a nível global, dos quais 8,5 milhões estão na Europa.

A Comissão Europeia deverá aprovar hoje este endurecimento das regras e os 30 mil euros são apontados como “valores dissuasórios”, segundo indica o El Pais. A comissária europeia Elzbieta Bienkowska afirmou na terça-feira a alguns jornais que a CE pretende pôr termo ao aparecimento de casos como o denunciado pela autoridade ambiental norte-americana em Setembro, e que colocou a Volkswagen na mira de várias autoridades mundiais. A imposição de uma multa por automóvel fraudulento vendido é algo que, só nos EUA (onde tal medida existe, ao contrário da UE) já elevou a fasquia de potencial penalização para a Volkswagen acima dos 40 mil milhões de euros.

A ser aprovada a nova regulamentação em Bruxelas, os construtores passarão a ter de cumprir passos mais restritos na aprovação dos seus novos automóveis. A Comissão pretende que não se trate de um processo em que o construtor paga a um centro técnico para fazer a aferição das emissões do automóvel.

As novas medidas passarão por reforço da independência nos testes, evitando a promiscuidade entre construtor e centro técnico, maior controlo dos veículos tanto em protótipo como na circulação na estrada (foi na comparação entre os valores dos diesel da VW em testes e na estrada que foi detectada a fraude nos EUA), e, segundo a comissária Bienkowska, “poderes para suspender, restringir ou encerrar os serviços técnicos que sejam demasiados permissivos nos testes”.

Para ser levada à letra de lei, a nova norma da Comissão terá de passar pelo Conselho Europeu, o que implica a aceitação de países onde a indústria automóvel tem forte implantação na economia e emprego, como Alemanha, França e Itália.

As duas medidas de combate à fraude que Bruxelas agora tentará impor estão há muito em vigor nos EUA, onde o departamento de Justiça já interpôs uma acção judicial contra a Volkswagen. Pelo contrário, na Europa, onde há muito mais veículos afectados – 8,5 dos 11 milhões de diesel a nível global –, a Comissão Europeia ainda não avançou para tribunal. Para já, uma comissária pretende que o construtor alemão pague a cada cliente uma compensação de 1.000 euros por automóvel, algo que a Volkswagen não admitiu fazer no “velho continente”, ao contrário do que a própria se propôs para compensar os clientes norte-americanos. Por outro lado, em vez de apenas exigir informação sobre software que adultere os níveis de emissões, Bruxelas poderá avançar para a obrigatoriedade de fazer o registo de todos os protocolos existentes em cada veículo, algo que os EUA já impõem.

“Perante a pouca colaboração que o grupo [Volkswagen] mostrava ao início, agora as diferenças limitam-se à compensação aos consumidores. Não vamos renunciar a elas. É um bom motivo para endurecer a legislação europeia de protecção ao consumidor e pô-la à altura da dos EUA”, afirmou a comissária europeia.

A Siva, representante da Audi, Skoda e Volkswagen em Portugal, começou já a contactar os proprietários das pick-up Amarok afectadas pelo software que adultera as emissões de óxidos de azoto.

Tal como o Económico tinha noticiado a 28 de Janeiro, a autoridade dos transportes da Alemanha (KBA) anunciou então ter autorizado a Volkswagen a proceder às alterações propostas pelo construtor para o 2.0 TDI da pick-up Amarok. À luz das regras europeias, essa decisão tem validade para toda a União Europeia.

Garantindo a gratuitidade do serviço para os clientes, os quais serão por si contactados, a Siva indica que “seguindo o planeamento definido pela Volkswagen AG em articulação com o KBA, estabeleceu um plano de implementação para o Volkswagen Amarok equipado com motores de 2,0 litros, visando uma actualização de software”.

As alterações demorarão “pouco mais de meia-hora”, começam “a partir de agora” e serão faseadas “em função das diversas versões de software a actualizar”.

“De acordo com o Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT), esta Acção de Serviço para o Volkswagen Amarok terá que ser efectuada em todas as viaturas afectadas com matrícula portuguesa, incluindo as importadas usadas, de forma a garantir a conformidade com as emissões de NOx constantes da sua homologação”, explica a Siva.

Sem explicitar se esta garantia de revisão gratuita dos veículos importados usados com excesso de emissões se estenderá aos restantes modelos que terão de ser alvo da designada “acção de serviço” (no que toca aos vendidos pelos concessionários portugueses com “zero quilómetros”, estão identificados cerca de 100 mil Audi, Skoda e Volkswagen), a Siva lembra que no site da marca Volkswagen já existe a possibilidade de verificar se o veículo é um dos afectados, através do número de quadro (VIN). Os clientes têm ainda à disposição um formulário para registar e actualizar os seus dados, para efeitos de contacto posterior.